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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

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OPINIÃO | Resta Um

08.04.16

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Título: Resta Um

Autor: Isabel Noronha

Ano de publicação: 2015

Editora: Companhia das Letras

 

Resta Um foi o meu primeiro livro de um autor brasileiro, neste caso de uma autora: Isabel Noronha. Quando optei por este livro, e após ter lido a sinopse, estava bastante curiosa mas algo reticente por ser um livro escrito em português do Brasil. Pois deixem que vos diga que a escrita não foi de todo um problema, a autora não faz uso do calão nem de regionalismos o que acaba por atenuar as diferenças entre o Português de Portugal e o Português do Brasil.

 

A escrita de Isabel Noronha é muito simples e directa, a história flui com facilidade. Para além disso a escritora não se alongou na história, são cerca de 250 páginas com capítulos curtos e sem passagens aborrecidas. Consegui ler este livro durante os voos Lisboa-Londres e Londres-Lisboa e sem necessitar de grande concentração.

 

A temática deste romance psicológico é um pouco pesada, existem duas narradoras, Lúcia, cuja filha Amélia desapareceu aos 12 anos, e Dona Esme, uma idosa que tem um jardim maravilhoso e que trata as suas plantas como se fossem suas filhas (até fala com elas e veste-as). Aparentemente não existe ligação entre estas duas personagens, percebe-se que as duas têm um comportamento estranho resultante de algum transtorno psicológico, mas nada para além disso.

 

 A autora apresenta-nos três momentos distintos da vida de Lúcia, narrados pela própria em capítulos alternados, construindo assim uma personagem bastante complexa e obcecada em encontrar a filha Amélia. Esta alternância entre o antes do desaparecimento de Amélia, o após o desaparecimento de Amélia e o presente foi muito bem conseguida por parte da autora e é a meu ver um dos pontos positivos do livro.

 

Outro ponto que considero bem conseguido foi a capacidade da autora em colocar o leitor na posição de Lúcia, levando-nos a sentir a sua angústia e vulnerabilidade após o desaparecimento da filha. Ainda que Lúcia seja uma pessoa bastante racional, não fosse ela professora de matemática, as circunstâncias levam-na a comportamentos que não podem ser explicados através da lógica, evidenciando assim a fragilidade do ser humano.

 

Embora a temática não seja de todo um assunto leve, este parece-me ser um dos livros indicados para quando estamos “sem grande cabeça” para algo mais complexo, pelo menos comigo resultou. Prende-nos do início ao fim.

 

Classificação no Goodreads: 4/5