OPINIÃO | Princípio de Karenina
Título: Princípio de Karenina
Autor: Afonso Cruz
Editora: Companhia das Letras
Ano de publicação: 2018
Já não consigo escrever uma opinião sobre um livro do Afonso Cruz sem repetir as seis ou sete opiniões que já escrevi sobre obras suas.
Desta vez o autor traz-nos uma dissertação sobre a felicidade, será possível medi-la e quanto tempo dura, sob a forma de carta de um pai à filha que nunca conheceu. Este pai relata a sua vida desde a infância, fala sobre a sua família, a sua fisionomia e de que forma essa condicionou a sua vida e explica-lhe em que circunstâncias conheceu a mãe dela. Um dos pontos diferenciadores desta obra, pontos esses característicos de todas as obras do Afonso Cruz, são as diversas referências a Anna Karenina de Tolstoi. Para aqueles que já tiverem lido esta obra maior do autor russo, essas referências resultam não apenas em pausas na leitura mas em momentos de introspeção e de reflexão sobre a passagem do tempo, os segredos e quase sempre sobre a busca da felicidade. Outro ponto diferenciador da obra são as fotografias que separam as cerca de cinco ou seis partes que constituem a obra.
Mas não só de Tolstoi vive este Princípio de Karenina, Afonso Cruz continua a viagem pelo Mundo iniciada em Jalan Jalan, desta feita pelo Vietname e Cambodja, é por lá que o narrador, e também personagem principal desta história, procura encontrar-se e conhecer a sua história.
O facto de os figos serem flores que crescem para dentro fez-me concluir duas coisas,
a primeira,
que não precisam do mundo exterior, são como era o meu pai e abominam a barbárie, viram as costas às janelas, ao exterior.
segunda,
são um exemplo de humildade, de modéstia. A flor, que deveriam exibir ao mundo, guardam-na sem qualquer demonstração de vaidade. Os figos não querem saber de elogios e discursos laudatórios (ainda que também não se abram às críticas). OS figos, escrevi no caderno de contas, florescem para Deus, que é o único capaz de admirar o que acontece dentro das coisas sem as partir, sem as matar, sem as destruir.
Não dá para destronar Para Onde Vão os Guarda-chuvas, nem tão pouco assumir a posição que Flores tem no meu coração ou mesmo a de Jesus Cristo bebia Cerveja, mas é um livro incrível, diferente de todos os outros mas tão ao jeito de Afonso Cruz.
Devia pensar em falar sobre os livros do autor porque já não é fácil arrumá-los no meu coração, está tudo um pouco confuso. O que importa reter é que devem lê-los, se não todos, pelo menos estes três que referi.
Classificação no Goodreads: 4/5