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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

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OPINIÃO | Pássaros Feridos

16.08.16

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Título: Pássaros Feridos

Autor: Colleen McCullough

Ano da primeira publicação: 1977

Editora: Bertrand Editora 

 

Sinto que vivi uma vida inteira neste livro. Poderia arranjar dezenas de adjectivos sinónimos de maravilhoso, fantástico, incrível e ainda assim nunca iria parecer suficiente. Acontece com os melhores. Atentem no primeiro parágrafo da obra:

 

"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade do que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento.”

 

Este romance acompanha três gerações da família Cleary entre 1915 e 1969 e desenrola-se principalmente na Austrália. Ainda que ficção histórica não seja dos géneros literários que mais aprecio, tenho uma certa tendência para adorar (e até delirar) com enredos focados numa mesma família. Este em particular toca em temas como a existência do ser humano, a importância das escolhas e a incerteza/certeza do destino.

 

Motivos para ler este livro é o que não falta por aqui, deixo os meus eleitos:

  1. as personagens são tão completas que sentimos que vivem para além do livro
  2. a escrita da autora é cativante, rica em imagens e sentimentos, conseguimos facilmente visualizar as paisagens que a autora descreve
  3. a autora consegue relacionar muito bem a história da família com os acontecimentos da época
  4. é um livro muito absorvente, daqueles que nos fazem esquecer onde estamos
  5. Colleen McCullough sabe realmente como contar uma história

 

Não é um romance perfeito, nem sei se tal coisa existe. Reconheço que a autora se excedeu um bocadinho, podia ter contado a mesma história em menos páginas. Também fiquei de pé atrás com o comportamento de algumas personagens femininas, demasiada submissão para o meu gosto.

 

No final, estes pontos menos positivos pareceram-me pouco relevantes, terminei o livro com uma sensação difícil de descrever e agora que já passaram alguns dias percebo o quanto estas personagens me marcaram. Não se deixem intimidar pelas mais de 600 páginas, garanto-vos que esta experiência é inesquecível.

 

Classificação no Goodreads: 5/5

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