OPINIÃO | O Último Livro
Título: O Último Livro
Autor: Zoran Živković
Ano da primeira publicação: 2011
Editora: Cavalo de Ferro
Gosto de livros sobre livros. Quando vejo um livro cuja história inclui livros, bibliotecas ou livrarias, inevitavelmente tenho de o folhear e é muito provável que o leve para casa. O Último Livro de Zoran Živković é um desses casos. A narrativa decorre em torno de uma livraria numa altura em que várias pessoas que frequentam o estabelecimento são encontradas mortas.
Este livro levou-me a reflectir sobre os meus gostos enquanto leitora. Não acho que seja muito exigente, gosto de um livro bem escrito e com personagens interessantes, a história até pode ser banal e previsível, isso não me incomoda. Não sei se sou eu que espero demasiado, a verdade é que Zoran Živković não me convenceu. O Último Livro foi o meu primeiro livro do autor e, ironicamente, será o último, pelo menos enquanto não recuperar da desilusão.
Neste romance de Zoran Živković temos uma história interessante e com bastante potencial, mas a escrita e as personagens arruínam o possível sucesso. Devem estar a adivinhar que esta review será muito semelhante à que escrevi sobre Pines, mas com uma ligeira diferença, desta vez não acredito que o autor seja bipolar.
Não encontrei a escrita brilhante que muitos leitores associam ao autor, nem a vontade de ler os seus livros. Dei por mim a querer terminar o livro para me livrar dele mais depressa, quis saltar páginas e parágrafos e confesso que tive de o fazer algumas vezes, a alternativa seria deixar o livro a meio.
As personagens são demasiado superficiais e a relação entre elas é demasiado irreal, refiro-me em particular à relação entre duas das personagens principais. O autor achou que duas pessoas que se acabam de se conhecer podem rapidamente construir uma relação profunda, e quando escrevo "rapidamente" refiro-me a três ou quatro dias. Não é possível construir uma relação assim em tão pouco tempo e é ainda mais difícil fazê-lo em poucas páginas.
Outro ponto que não me agradou foram as lacunas temporais e espaciais. Por várias vezes perdi a noção do espaço temporal em que decorria a acção, não há uma continuidade, sentimos que "perdemos" alguns dias nesta história. Bem sei que esta descontinuidade nem sempre é má e muitas vezes é propositada, mas neste caso não me parece que tenha funcionado.
Muito se diz e escreve sobre um autor/livro não poder ser lido de forma igual por duas pessoas, mas gostava que alguém me explicasse o que é que eu não apanhei. Será que o autor é assim tão bom e eu tenho alguma lacuna nas minhas células cinzentas (crédito: Hercule Poirot)?
Classificação no Goodreads: 2/5