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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

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OPINIÃO | Ensina-me a Voar Sobre os Telhados

12.04.18

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Título: Ensina-me a Voar Sobre os Telhados

Autor: João Tordo

Ano de publicação: 2018

Editora: Companhia das Letras

 

Ensina-me a Voar Sobre os Telhados é o mais recente romance de João Tordo, o autor que nos habituo a uma escrita incomparável e personagens complexas. Este foi o quarto livro do autor que li e foi, sem dúvida, o mais triste.

 

A narrativa alterna entre o Japão e Portugal com um desfasamento temporal de cerca de 100 anos, focando-se na história de duas famílias. Ao longo do livro vamos compreendendo a relação entre as personagens bem como as suas histórias, o que se por um lado foi alimentando o meu interesse e curiosidade, por outro também me levou (por vezes) a sentir que perdia o fio à meada.

 

Sendo esta uma história focado em duas famílias, as personagens são inúmeras e, como não poderia deixar de ser, a sua complexidade é imensa (essa é mesmo uma das características das personagens dos romances de João Tordo). Ao longo das páginas procurei criar empatia com as personagens, expectante de que aconteceria em breve, virei páginas, li capítulos atrás de capítulos e quando cheguei a meio do livro comecei a perceber que nunca iria acontecer.

 

Se tivesse de caracterizar esta história através de uma só palavra não seria difícil, escolheria tristeza. São quase 500 páginas de infelicidade, monotonia, expectativa de que o autor nos surpreenda a qualquer momento sem, no entanto, que isso chegue a acontecer. Neste contexto, sinto que foram demasiadas páginas, com algumas partes aborrecidas(principalmente as partes portuguesas) e um sentimento de que esta leitura não mexeu comigo da mesma forma que as outras obras do autor fizeram.

 

As partes de que mais gostei foram os devaneios da personagens luso-japonesa Henrique Tsukuda, a minha preferida sem dúvida. Quanto à escrita de João Tordo, já inúmeras vezes referi que é qualquer coisa de incrível, muito delicada e rica em passagens que deixam qualquer leitor maravilhado.

 

(...) os deuses não dormem, nem estão acordados, simplesmente são, e os sonhos são exclusivos de quem ainda não é. Não é o quê? Isso saberás tu, mas escuta o que te digo, não partilhes os teus sonhos, guarda-os para ti, os sonhos dos homens são para serem mantidos em segredo para que os deuses invejosos não os descubram. 

 

No final, o balanço é positivo. Foi uma leitura diferente, com uma componente cultural interessante, ainda que não me tenha conquistado como o havia conseguido O Luto de Elias Gro.

 

Classificação no Goodreads: 3/5

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