OPINIÃO | A Insustentável Leveza do Ser
Título: A Insustentável Leveza do Ser
Autor: Milan Kundera
Ano da primeira publicação: 1984
Editora: Edições BIS
Quando comecei a pensar no que iria escrever sobre A Insustentável Leveza do Ser fui arrebatada por diferentes pensamentos, pensei na vida, nos acasos, na felicidade, na morte, no peso, na leveza, em Karenine, no meu cão, em Tolstoi e em tantas outras coisas. Divaguei, tal como Milan Kundera faz nesta obra.
Se me perguntarem do que trata este livro, não saberei dar uma resposta exacta e, provavelmente, acabarei por responder que se passa em Praga, algures na década de 60 e que trata tudo sobre a vida, das questões mais complexas às mais banais, das mais perturbadoras às mais serenas. Milan Kundera leva-nos numa viagem pela mente humana, traduz em palavras o que poucos ousam sequer pensar, conduz o leitor à reflexão.
Poucas páginas bastaram para que me apaixonasse pelas personagens: Tomas, Tereza, Sabina, Franz e Karenine.
Sete anos antes, declarara-se por acaso um surto muito grave de meningite no hospital da cidade de Tereza e o chefe do serviço onde Tomas trabalhava fora chamado de urgência. Mas, por acaso, o chefe do serviço estava com ciática e, como não se podia mexer, Tomas fora em seu lugar a esse hospital de província. Havia cinco hotéis na cidade mas, por acaso, Tomas instalara-se no hotel onde Tereza trabalhava. Por acaso, ficara uns momentos livres antes de ir para o comboio e fora sentar-se na cervejaria. Tereza estava, por acaso, de serviço e, por acaso, estava de serviço à mesa de Tomas. Fora portanto necessária toda uma série de seis acasos para fazer chegar Tomas até Tereza, como se, entregue a si próprio, nunca tivesse podido encontrá-la.
A escrita é das mais profundas que já encontrei, com uma linguagem descomplicada e estranhamente fluída. Dada a temática filosófica, seria expectável que o livro fosse um pouco "maçador", mas o autor conseguiu tornar tudo mais fácil.
Tomas ainda não sabia que as metáforas são uma coisa perigosa. Com as metáforas não se brinca. O amor pode nascer de uma única metáfora.
Por entre toda a melancolia que esta leitura me trouxe, reconheço a grandeza e importância da obra. É, sem dúvida alguma, um livro obrigatório!
Classificação no Goodreads: 4/5