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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

OPINIÃO | Lá, Onde o Vento Chora

30.04.20

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Título: Lá, Onde o Vento Chora

Autor: Delia Owens

Ano de publicação: 2019

Editora: Porto Editora

O que escrever sobre um livro que me deixou o coração apertado e a mente inquieta, especialmente após ter terminado a sua leitura? Mas que fascinantes que são Kya e o seu pantanal! E o que dizer sobre a escrita maravilhosa de Delia Owens?

E finalmente, num momento inesperado, a dor que sentia no coração desapareceu como água na areia. Continuava presente, mas a grande profundidade. Kya poisou a mão sobre a terra viva e morna, e o pantanal passou a ser a sua mãe.

A autora retrata em Kya, a personagem central, a forma como o isolamento social pode afetar o ser humano, particularmente numa sociedade desenvolvida, tendo escolhido como pano de fundo o fascinante pantanal. A este cenário a autora adicionou uma pitada de mistério.

Mais do que senti enquanto li o livro, estou certa de que o que perdurará na minha memória são todos os sentimentos que me assolaram após ter terminado esta leitura. Durante vários dias, não consegui deixar de pensar em Kya, naquela que foi a sua vida, na mágoa que o livro nos deixa, mas também na tranquilidade que acabamos por sentir. Precisei de falar sobre o livro, recomendei-o a algumas pessoas, com receio de o sugerir a todos os leitores por suspeitar que nem todos o apreciarão desta forma. 

Já terão percebido, pelo pouco que escrevi até aqui, que Kya e o pantanal são o tudo desta leitura. A minha vontade é dizer-vos: "Adorei, adorei, adorei! Leiam!" e acho que vou mesmo ficar por aqui.

Adorei tudo neste livro! Será um dos melhores do ano.

 

Classificação no goodreads: 5/5 

Comprar Wook | Comprar Bertrand

 

OPINIÃO | O Corpo: Um Guia para Ocupantes

27.04.20

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Título: O Corpo: Um Guia para Ocupantes

Autor: Bill Bryson

Ano de publicação: 2019

Editora: Bertrand Editora

 

Duas palavras sobre este livro: fascinante e assustador! Foi o meu primeiro contacto com os livros de Bill Bryson mas não será certamente o último, fiquei com vontade de descobrir outros livros do autor.

"O Corpo: Um Guia para Ocupantes" é, tal como o nome indica, um guia pelo nosso corpo. Não é um livro técnico, ainda que seja o resultado de uma ampla investigação que se encontra devidamente referenciada nas últimas páginas do livro, mas sim um livro com inúmeros factos e curiosidades sobre o ainda tão desconhecido corpo humano.

O facto é que odores e sabores são inteiramente criados na nossa cabeça. Pense em algo delicioso - um bolo de chocolate húmido e quente, acabado de sair do forno, por exemplo. Dê uma dentada e saboreie a textura suave e aveludada, o sabor rico e intenso a chocolate que lhe enche a cabeça. Agora pense que nenhum destes sabores ou aromas existe realmente. Tudo o que entra na sua boca, na prática, é textura e químicos. É o seu cérebro que lê estas moléculas sem cheiro nem sabor e lhes dá vida, para seu prazer. O seu bolo de chocolate é uma pauta de música. O cérebro é que a transforma numa sinfonia. Tal como acontece com tantas outras coisas, vivenciamos o mundo que o nosso cérebro nos permite vivenciar.

Desde sempre que tenho um fascínio por temas relacionados com a saúde, não tendo qualquer formação na área, o pouco que sei deve-se à curiosidade que vou alimentando através de leituras como esta. Creio, contudo, que mesmo quem não identifica interesse particular no tema, se divertirá a desmistificar algumas "teses" sobre o nosso corpo, como a de que apenas utilizamos 10% do nosso cérebro, ou que a diferentes partes da língua estão alocados sabores específicos; ou que o leitor conseguirá fascinar-se ao saber que o olfato é responsável por pelo menos 70% do sabor e que as pessoas magras têm mais micróbios nos intestinos do que as pessoas gordas.

Uma das partes que mais me marcou, talvez pelas circunstâncias em que nos encontramos, é o relato de um estudo que consiste em injetar um líquido no nariz de uma pessoa, esse líquido não é visível a olho nu mas é identificável através de luzes/radiações específicas. Essa pessoa é colocada numa sala onde decorre um evento e estão presentes outras pessoas. Após algum tempo, o resultado é assustador: todas as pessoas tinham vestígios desse líquido nas mãos, os puxadores de portas, copos e pratos onde foram servidas bebidas e alguns aperitivos, também estavam contaminados com o líquido. Este teste ilustra a forma assustadoramente rápida e fácil de como os vírus, por exemplo o vírus da gripe, circulam entre os seres humanos, sem que exista contacto direto entre as partes.

Para além dos diversos factos e acontecimentos que o autor relata e que proporcionaram uma leitura muito interessante, destaco a forma bastante acessível, sem recurso a explicações demasiado técnicas ou detalhadas, com que transmitiu todo este conhecimento.

Foi uma leitura muito divertida e enriquecedora sobre o tanto, que às vezes parece ser tão pouco, que o ser humano conhece sobre o corpo que habita. Deixo o índice e a primeira página do livro para aguçar a vossa curiosidade:

Classificação no goodreads: 5/5

Comprar Wook | Comprar Bertrand

Dia mundial do Livro, em casa

23.04.20

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A book must be the axe for the frozen sea within us.

Franz Kafka

Pela internet fora, são vários os eventos de comemoração deste dia, principalmente através de promoções em livros que visam continuar a levar os livros até aos leitores, quer estes estejam em confinamento ou continuem a sair de casa diariamente para trabalhar.

A Wook oferece 20% de desconto imediato e portes grátis. Tem ainda várias campanhas a decorrer: John Le Carré até 40% de desconto, Philip Roth até 40% de desconto, Almada Negreiros até 30% de desconto, Sarah Lark até 30% de desconto, Torey Hayden até 50% de desconto 

A Bertrand oferece entre 20% a 50% de desconto imediato. Tem várias campanhas a decorrer: Mês do Livro até 50% de desconto em cartão, Livro de Bolso até 30% de desconto em cartão, Dia da Mãe.

A Fnac oferece entre 20% a 50% de desconto imediato. Têm várias campanhas a decorrer: Cultura sem pausa com descontos até 50% e o Dia da Mãe.

A Leya oferece até 70% de desconto numa seleção de livros.

 

O AXN Movies dedica a programação do dia a filmes inspirados em livros.

 

Vou celebrar o Dia Mundial do Livro com quatro livros na mesa de cabeceira:

"Margarida Espantada" de Rodrigo Guedes de Carvalho, o escritor revelação no meu ano, até ao momento! "Uma Eduação" de Tara Westover, uma história real sobre a qual ainda só conheço o início. "Se Esta Rua Falasse" de James Baldwin, sobre a injusta condenação de Fonny, o aspirante a escritor, e a sua namorada Tish, que faz o impossível para conseguir provar a sua inocência. Por fim, "O Homem em Busca de um Sentido" de Viktor E. Frankl, é, dos quatro, a leitura mais lenta, talvez pela temática, precisa de tempo para ser digerido.

Comecei o dia com uma encomenda na Bertrand, o resto do dia será em teletrabalho, com uma pausa para almoço e para pegar num dos livros que estou a ler, e mais umas leituras ao final do dia, que o tempo não nos convida a muito mais. Não garanto que o dia termine sem que compre mais um ou dois livros.

OPINIÃO | Cem Anos de Solidão

20.04.20

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Título: Cem Anos de Solidão

Autor: Gabriel Garcia Márquez

Editora: Leya

Ano de publicação: 1967

 

Terminei a leitura de Cem Anos de Solidão do inigualável Gabriel Garcia Márquez como que de rastos, com a injusta sensação de que aquele último parágrafo vale pelo livro todo.

Há muito que andava para ler esta obra, tinha o livro na estante desde final de 2016, altura em que foi publicada esta edição no âmbito da Colecção: Essencial - Livros RTP. Não ter ainda lido Cem Anos de Solidão era uma das minhas vergonhas enquanto leitora. 

Se dúvidas tivesse relativamente ao que se ouve e lê por aí, confirmei que esta é efetivamente uma grande obra!

Tal como consta na sinopse, esta é "a fabulosa aventura da família Buendía-Iguarán com os seus milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações" que é "a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da tragédia e do amor do mundo inteiro".

 

Taciturno, silencioso, insensível ao novo sopro de vitalidade que estremeceu a casa, o coronel Aureliano Buendía quase conseguiu compreender que o segredo de uma boa velhice não é mais que um pacto honrado com a solidão.

 

A história tem como pano de fundo a povoação de Macondo, criada no início do século XIX por um povo que procurou refugiar-se do mundo, vivendo isolado, e como enredo uma família repleta de Arcadios, Aurelianos, Amarantas e Ursulas. Felizmente esta edição, tal como a maioria das edições, contem a árvore genealógica da família, recurso a que recorri vezes sem conta durante a leitura, e se por um lado foi essencial para que compreendesse mais facilmente os acontecimentos, por outro também dificultou o ritmo da leitura e deu-me alguns spoilers

Nenhuma das personagens criadas por Gabriel Garcia Márquez é banal. Cada uma das personagens vivia na solidão. Apesar de terem família, multidões em seu redor, estavam sozinhos com os seus pensamentos, sentimentos e motivações. Reconheço a capacidade imaginativa do Gabriel Garcia Márquez, pois um enredo desta complexidade e magnitude não é qualquer um que consegue construir. Por outro lado, tive dificuldade em criar empatia com as personagens, exceto com Úrsula. Sinto que isso foi um entrava à minha ligação a esta história.

Foi uma leitura fantástica, com alguns entraves à fluidez que poderão advir de toda a complexidade do enredo criado por Gabriel Garcia Márquez.

 

Classificação no Goodreads: 4/5

Comprar Wook | Comprar Bertrand

 

Ler em tempo de coronavírus

16.04.20

i don't even know why this makes me think of you but

Até indicação em contrário, as livrarias encontram-se fechadas em Portugal e em muitos outros países. Este seria um cenário bastante viável para uma distopia, nunca pensámos que a nossa vida pudesse ter tanto em comum com os cenários imaginários dos livros.

As medidas impostas pelos governos dos vários países, e em particular do governo português, medidas que não crítico, levaram à queda nas vendas de muitos bens e serviços não essenciais, categoria em que se inserem os livros. Ontem mesmo ouvi na rádio que o volume de vendas de livros no último mês diminuiu 90% em comparação com o período homólogo. O adiamento de novas publicações e o cancelamento de eventos literários também contribuem para a estagnação da indústria literária. 

As poucas livrarias online como a wook e a bertrand, que, ainda assim, sofreram também com a aversão de muitas pessoas ao método de entrega de encomendas ao domicílio, revelam-se alternativas a quem procura livros físicos. Neste tempo de coronavírus, os ebooks e os audiobooks parecem ser alternativas razoáveis e a preferência de muitos leitores.

Nas últimas semanas, os meus níveis de concentração têm estado muito em baixo, não tenho lido muito ultimamente. Se também estão com dificuldades em manter o hábitos de leituras, poderá ajudar escolher livros com uma escrita simples, uma narrativa suficientemente interessante para manter a motivação e que proporcionem uma leitura fluida. 

Sou leitora há muitos anos, conheço os meus gostos e adapto as estratégias de leitura ao contexto em que vivo. Sei que nesta fase o que resulta para mim é reler livros favoritos ou apostar em thrillers de autores nos quais tenho confiança.

Quais são as vossas dicas para manter os níveis de leitura habituais, em tempos de coronavírus?

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