OPINIÃO | Uma vida à sua frente
Título: Uma vida à sua frente
Autor: Romain Gary
Ano da primeira publicação: 1975
Editora: Sextante Editora
Passou uma semana e continuo sem conseguir encontrar palavras para descrever esta overdose de amor! Se a minha vontade mandasse deixava-vos com esta expressão e um par de citações marcantes o que, provavelmente, seria o suficiente para vos aguçar o apetite. Acontece que estas opiniões são, não só para vocês, mas também para mim, ajuda relê-las quando quero recordar o que mais me marcou num livro, se foram as personagens, a escrita, ou mesmo para verificar se recomendaria o livro a todo e qualquer "tipo" de leitor.
Uma vida à sua frente é dos livros mais ternurentos que já li, por várias vezes deixou-me com o coração nas mãos e os olhos brilhantes. Talvez seja o pequeno Momo de dez anos ou catorze?, narrador desta história, motivo dos constantes erros ortográficos com os quais o leitor se depara, muçulmano, órfão de mãe prostituta e pai incerto. Talvez sejam as inúmeras personagens igualmente inesquecíveis. Talvez seja o sofrimento e crueldade presentes ao longo da obra. Ou quiçá a escrita por vezes poética do autor, a temática da solidão, velhice e o abandono em geral.
Se a Madame Rosa fosse um cachorro, já a teriam mandado embora há muito tempo, mas as pessoas são melhores com os cães do que com as pessoas que não podem morrer sem sofrer.
São três os motivos que me levam a adjetivar esta leitura de arrebatadora e inesquecível:
1 - Uma vida à sua frente é uma história de amor, das mais genuínas que possam haver e das mais bonitas que já li.
2 - Romain Gary é um escritor não só inteligente mas verdadeiramente genial que merece ser lido por todos.
3 - Por mais voltas que dê não conseguirei transmitir-vos as sensações que esta obra me proporcionou, nem tão pouco a forma como me absorveu. Haverá melhor indicador sobre a grandiosidade de uma obra?
Uma vida à sua frente é, a par de Para Onde Vão os Guarda-Chuvas de Afonso Cruz, um livro que guardarei carinhosamente no coração e que recomendo a qualquer leitor.
- Entendes, Momo?
- Não, mas não há problema. Estou habituado a isso.
- É onde me refugio quando tenho medo.
- Medo de quê, Madame Rosa?
- Não precisamos de motivos para ter medo, Momo.
E eu nunca me esqueci daquelas palavras, foram o que de mais verdadeiro alguma vez ouvi.
Classificação no Goodreads: 5/5