OPINIÃO | A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol
Título: A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol
Autor: Haruki Murakami
Ano da primeira pulicação: 1992
Editora: Casa das Letras
South of the Border, West of the Sun é o tema de Nat King Cole que dá título ao romance de Haruki Murakami. O quarto livro do autor que leio e o mais distinto do estilo que caracteriza Murakami: cenários mágicos e imaginários.
"Provavelmente" é uma palavra que talvez possa fazer sentido a sul da fronteira. Mas nunca, em tempo algum, a oeste do sol.
Hajime é o narrador desta história e também a personagem principal. Filho único, o que no Japão pós Segunda Guerra Mundial era considerado um caso raro por ser indicativo de que tais crianças seriam criadas sem restrições às suas vontades, tornando-se pessoas egoístas. Aos doze anos Hajime conhece a sua melhor amiga Shimamoto, uma menina também filha única, uma aluna exemplar, uma menina com uma característica física originada por uma doença contraída à nascença e que a leva a arrastar a perna esquerda enquanto anda.
A história é como tantas outras, narrada pela personagem principal que nos conta episódios da infância entre eles um particularmente marcante, um par de capítulos depois chegamos à adolescência, cheia de encontros e desencontros, mais meia dúzia de capítulos lidos e entramos na fase adulta do protagonista. Não existem momentos de suspense daqueles que nos levam a querer devorar o livro, não existe uma história suficientemente criativa que prenda o leitor, existe sim a escrita e o estilo de Murakami que são mais do que suficientes para levar o leitor a querer devorar o livro e a ficar preso até ao final.
Por mais que uma pessoa queira, uma vez dado um passo à frente, deixa de ser possível arrepiar caminho. Se porventura a meio do percurso houve qualquer coisa que deu para o torto, pouco ou nada podemos fazer para remediar o mal e a situação arrastar-se-á para sempre.
As personagens principais são peculiares e no entanto com características comuns como a paixão por livros e jazz. Existe uma paixão iniciada na infância e que prevalece para sempre, quase como uma maldição. Histórias de vida com um único protagonista em geral, têm o dom de facilmente me deixar rendida, tal como acontece com histórias familiares que atravessam várias gerações. No entanto, este livro peca por deixar segredos por desvendar, por não se saber o que acontece a determinados personagens, e, o principal motivo na minha perspetiva, pelo final. Haverá quem acredite que essa característica abone a favor do autor, a mim não me convenceu.
Haruki Murakami é um autor que vou continuar a ler, tenho na estante o Kafka à Beira-mar, um calhamaço que ainda não foi lido precisamente por ter uma monstruosidade de páginas e não ser fácil de ler nos transportes públicos. Um estilo único que merece ser apreciado por todos os leitores.
Classificação no Goodreads: 3/5