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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

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OPINIÃO | A Verdadeira Vida de Sebastian Knight

21.05.16

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Título: A Verdadeira Vida de Sebastian Knight

Autor: Vladimir Nabokov

Ano de publicação: 2013

Editora: Relógio d'Água

 

O meu primeiro contacto com Nabokov foi com a sua obra mais popular (e controversa): Lolita. Lembro-me que fiquei algo que transtornada e confusa ao ler Lolita, não percebia se tinha gostado ou não, precisei mesmo de algum tempo para pôr as ideias em ordem. A conclusão que retirei foi esta: se Nabokov consegue causar tal sentimento no leitor então será certamente um grande escritor, e isso deve-se principalmente à sua escrita (muito delicada e bem estruturada). O passo seguinte foi procurar outra obra de Nabokov, dando preferência a uma cuja temática fosse mais leve.

 

A Verdadeira Vida de Sebastian Knight veio confirmar que nem eu, nem a maioria dos outros leitores, estávamos enganados, Nabokov é mesmo um grande escritor e a sua especialidade é deixar os leitores indignados e felizes! Ainda que Lolita tenha sido publicado quase 15 anos após A Verdadeira Vida de Sebastian Knight, não existe uma discrepância evidente entre as duas obras. Mantém-se o vocabulário rico e acessível, o nível de fluidez da leitura e as maravilhosas longas descrições (que, estranhamente, não são nada maçadoras).

 

Nesta obra a temática não é controversa nem tão sensível, tal como o nome sugere o autor conta-nos a vida de Sebastian, um escritor famoso cuja vida está envolta em mistério. A forma como Nabokov nos conta a história de Sebastian é por si só fascinante. Logo na primeira página sabemos que Sebastian está morto, e portanto não pode ser ele a contar-nos a sua história, essa tarefa cabe ao meio-irmão de Sebastian, cujo nome desconhecemos. 

 

Fiquei com a sensação de que esta obra é quase auto-biográfica e que Nabokov se "desdobra" entre as duas personagens mais relevantes: Sebastian e o seu meio-irmão. O facto de nem sempre conseguirmos distinguir o que é real do que é imaginário, acaba por sustentar esta ideia.

 

 "Aprendi que a alma é apenas uma forma de ser, não um estado constante, e que qualquer alma pode ser nossa se a captarmos e seguirmos as suas ondulações. O além talvez seja a plena capacidade de viver conscientemente em qualquer alma que se escolha, em qualquer conjunto de almas, todas elas inconscientes do fardo permutável que carregam."

 

A história em si não tem nada de extraordinário. Já perto da morte, Sebastian delega ao seu meio-irmão a missão de queimar todos os seus segredos e cuidar dos seus últimos pertences, e é nessa altura que cresce a curiosidade em conhecer o passado de Sebastian. Ao longo da história o autor vai revelando algumas características da personalidade de Sebastian, mas apenas no final sentimos que o conhecemos realmente. Esta obra torna-se assim num exercício de memória e numa busca de um passado desconhecido.

 

Não esperava revelações surpreendentes nem um final "tchanah" mas acabou por acontecer, e é mesmo disto que os leitores mais gostam. Vou continuar a procurar outras obras de Nabokov, fiquei com muita vontade de ler mais!

 

" Existe apenas um único número real: o número um. E o amor, aparentemente, é o melhor expoente dessa singularidade."

 

Classificação no Goodreads: 4/5

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