OPINIÃO | A Educação de Eleanor
Título: A Educação de Eleanor
Autor: Gail Honeyman
Ano da primeira publicação: 2017
Editora: Porto Editora
Quando comprei o meu exemplar de A Educação de Eleanor procurava algo mais leve e na realidade este livro pode ser bastante leve se o leitor assim o entender, mas pode antes ser algo mais perto de literatura se formos um pouco mais fundo.
Eleanor Oliphant tem uma vida completamente normal, ou pelo menos assim pensa. Eleanor tem 30 anos, vive sozinha e não tem amigos, divide o seu tempo entre um emprego das 9 às 5 num escritório e pizza fria e vodca ao fim de semana. Acredita estar bem assim.
Tenho pena das pessoas bonitas. A beleza, a partir do momento em que a possuímos, está já a dissipar-se, efémera. Deve ser difícil ter constantemente de provar que somos mais do que isso, querer que as pessoas vejam para além da superfície, ser amado por quem somos e não por um corpo deslumbrante, olhos brilhantes ou cabelo denso e luzidio.
A autora Gail Honeyman construiu uma personagem muito peculiar, a começar pelo seu nome: Eleanor Oliphant. Diria que é quase impossível lê-lo sem que salta à vista a palavra inglesa Elephant (Eleanor Oliphant). É isso mesmo que Eleanor é, um elefante no meio da sala, assunto de todas as conversas, ainda que preferisse passar despercebida e que não a chateassem.
Embora a autora nos revele bastante sobre a personalidade de Eleanor, principalmente na primeira metade do livro, até o leitor mais distraído percebe que Eleanor está envolta em mistério. São dadas indicações que nos levam a crer que Eleanor não terá tido uma infância fácil, tem até marcas físicas na cara que indicam isso mesmo, mas ninguém ousa questioná-la sobre a origem dessas marcas.
Eis o que senti: o peso quente das mãos dele nas minhas; a sinceridade do seu sorriso; o calor suave de algo a abrir-se, como as flores se abrem de manhã ao ver o Sol. Sabia o que estava a acontecer. Era o pedacinho não cicatrizado do meu coração. Era grande o suficiente para deixar entrar um bocadinho de afeto. Ainda havia um espacinho minúsculo.
A Educação de Eleanor está dividido em duas partes: "Dias Bons" e "Dias Maus", a antítese que caracteriza toda a obra, não fosse ela um misto de tristeza e comédia, uma leitura leve ou algo mais perto de "literatura a sério".
Classificação no Goodreads: 4/5