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Claro como a água

Um blog para os apaixonados por livros, ou simplesmente para quem procura um livro para ler

Claro como a água

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Podcasts sobre livros (e em português)

29.06.16

Alguém desse lado tem o hábito de ouvir podcasts? Ainda que a oferta em português não seja a ideal (digamos até que é bastante escassa) os podcasts têm feito furor um pouco por todo o país.

Conheço vários canais sobre livros mas a sua maioria são em inglês, no entanto, não desanimem já, existem pelo menos dois em português e actualizados regularmente.

 

Biblioteca de Bolso

Este podcast conduzido por Inês Bernardo e José Mário Silva concentra-se na relação de leitores e autores com livros. Os episódios do programa são feitos a três vozes e já tiveram, entre outros, convidados como Catarina Homem Marques, Lídia Jorge, Pedro Mexia, Joana Bértholo, Djaimilia Pereira de Almeida e Gonçalo M. Tavares.

 

O Último Livro que me Bateu

É um programa de rádio transmitido pela Antena 3 à terça-feira pelas 9h20. Os episódios deste programa são bastante curtos e em cada um deles é pedido ao convidado (personalidades em geral) que indique qual o último livro que leu e que o marcou. Eis algumas das personalidades já entrevistadas: Pedro Mexia, Ana Galvão, Samuel Úria, Afonso Cruz e Zé Pedro.

 

Podem ouvir os podcasts online ou nos telemóveis através da aplicação Podcasts. Conhecem outros canais?

OPINIÃO | As Dez Figuras Negras

28.06.16

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Título: As Dez Figuras Negras

Autor: Agatha Christie

Ano da primeira publicação: 1939

Editora: ASA

 

Quando comecei a ler As Dez Figuras Negras tinha enormes expectativas, arrisco até dizer que as minhas expectativas relativamente a um livro nunca tinham estado a este nível. Os motivos para tal são vários: a obra foi-me indicada/recomendada por várias pessoas, a classificação média do livro no goodreads é de 4.21 e As Dez Figuras Negras foi considerado por Agatha Christie como um "desafio que lhe trouxe muita satisfação" sendo também um dos livros da sua autoria de que mais gosta.

 

Pouco sabia acerca da história, é assim que gosto de começar um livro, sem ter lido a sinopse e sem sequer saber que assuntos aborda. Sabia que o livro não pertencia à série Poirot nem à série Miss Marple e que não estava associado a nenhuma das personagens-detectives criados por Agatha Christie.

 

Comecei por reparar e adorar a estrutura do livro, os capítulos são pequenos e estão divididos em sub-capítulos geralmente de 2-3 páginas, é mais fácil de não nos perdermos na história quando só temos tempo para ler algumas páginas. Depois fiquei surpreendida com a escrita da autora, achei-a muito mais refinada do que aquela com que me deparei em Um Crime no Expresso do Oriente. E só depois, quando comecei a entrar na história, é que percebi que esta obra é a mais original, viciante, imprevisível e genial que já li!

 

Sem querer contar-vos mais do que devo, vou revelar-vos como começa esta trama. Oito pessoas, que não se conhecem de lado nenhum, são convidadas por um misterioso homem, de nome U.N. Owen, para passar uns dias na sua ilha, a Ilha do Negro. Chegados à ilha são recebidos pelos dois empregados que os informam de que o Senhor Owen não está na ilha e que chegará no dia seguinte. Nessa ilha, não vive ninguém, apenas existe aquela casa gigante com uma lengalenga em cada um dos quartos, e naquele momento as dez pessoas (os oito hóspedes juntamente com os dois empregados) são os únicos na ilha, ou pelo menos assim julgam.

 

Esta é uma história repleta de tensão e mistério, onde nada é o que parece. A escrita da autora prende-nos à história e cria uma sensação de desconfiança e asfixia no leitor, é de tal forma cativante que dei por mim a reflectir sobre a história mesmo enquanto não estava a ler o livro. É incrível como tudo é pensado ao mais ínfimo detalhe e como no final tudo resulta tão bem.

 

É quase certo que os livros não correspondem às altas expectativas que criamos, contudo existem excepções como esta obra de Agatha Christie. Se já suspeitava de que teria de ler tudo o que conseguisse da autora, depois desta experiência tenho a certeza. Esta mulher foi, é e será sempre um génio da literatura!

 

Classificação no Goodreads: 5/5

OPINIÃO | A instalação do medo

27.06.16

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Título: A instalação do medo

Autor: Rui Zink

Ano de publicação: 2012

Editora: Teodolito

 

Pensei em não escrever sobre este livro, tal era a falta de vontade, mas lá entendi que deveria escrever qualquer coisa.

 

Para começar senti-me a pessoa mais ignorante do país quando várias pessoas me disseram: "Estás a ler um livro do Rui Zink? A sério?!" ou "Rui Zink? Gostas disso?" (nem imaginam as expressões faciais que acompanhavam estes comentários). Comecei então a sentir que vivia em Marte, eu não sabia quem era o senhor, nunca o tinha visto nem reconhecia o nome, só trouxe este livro da biblioteca porque fiquei curiosa com o título e a sinopse. Nesta altura já eu me sentia deslocada.

 

Eis a sinopse promissora: Dois homens batem à porta. «Bom dia, minha senhora, viemos instalar o medo. E, vai ver, é uma categoria». Os dois homens que batem à porta da casa desta senhora são técnicos que instalam o medo, tal qual como se instala a televisão por cabo. Os dois técnicos têm instruções precisas sobre como o fazer e apresentam até algumas sugestões de "programas" assustadores.

 

O autor aborda os medos, a necessidade do medo para a sobrevivência de um país bem como o medo que está instalado em todos nós. Reconheço que a forma como o autor o faz é bastante original, a temática é bastante interessante e até gostei de algumas das premissas utilizadas, mas senti que na globalidade não funcionou bem, a forma como o autor expõe as suas ideias não me agradou. 

 

Como um mal nunca vem só, a escrita também não me agradou, verdade seja dita, não gostei nada nada nada! Creio que esse foi o principal entrave, senti-me tão aborrecida enquanto lia o livro que por várias vezes pensei em desistir. 

 

Não é de todo um livro que recomende e também não me apetece dar-lhe uma segunda oportunidade, mas há muitos leitores por aí que tiveram uma experiência diferente com este livro. Talvez seja demasiado valente e não me deixe afectar pela forma como o autor explora o Medo, sim talvez seja isso.

 

Classificação no Goodreads: 2/5

CITAÇÃO | Franz Kafka e os livros

26.06.16

É bom quando a nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso torna-a mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos a ler não nos desperta como um soco no crânio, para quê perder tempo a lê-lo? Para que ele nos torne felizes? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrevê-los nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós.

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